
Vinte propostas de ações foram aprovadas em plenária, para serem implantadas em nível regional. Destas, 10 serão levadas à conferência estadual, com o objetivo de chegarem à terceira edição da Conferência Nacional de Economia Solidária (III Conaes), em novembro, e serem adotadas como políticas públicas para a área. A partir dessas propostas, o município deve criar seu Plano Local de Economia Solidária. (Clique e confira as propostas)
Palestrante final da I Cores, Joaquim Melo é o fundador do primeiro banco comunitário do Brasil, o Banco de Palmas. Em sua exposição, ele apresentou as experiências de economia solidária que transformaram a vida de moradores e geraram desenvolvimento para Palmeiras, em Fortaleza (CE), conjunto habitacional criado 1973 e que, até a década de 90, era um dos maiores bolsões de pobreza do Nordeste e do país.
“Para alavancar o turismo, a Prefeitura de Fortaleza municipal despejou um monte de pessoas que moravam à beira-mar, a maioria pescadores, e levou para um conjunto habitacional num matagal, perto do rio Cocó, criando a favela Palmeiras. Pra lá foram levadas pessoas de várias favelas, quase todos catadores de lixo, e não havia nenhuma infraestrutura de água, luz, ruas; nada. Pelo nome do rio, já se sabe que num dava pra pescar. Se alguém já ouviu falar da ‘operação saquinho’, sabe como o povo fazia suas necessidades, porque não tinha banheiro. Os moradores montaram uma associação e foram urbanizando Palmeiras, em mutirões e isso ficou se ajeitando em uns 20 anos. Aí, veio conta de água, luz, IPTU e o povo não tinha dinheiro pra pagar”, narrou Joaquim, mostrando imagens do local na época.

Coordenador geral do Banco de Palmas, Joaquim concluiu o seminário, mas desistiu da ideia de ser padre, decidindo ir morar em Palmeiras e casando com uma pessoa da comunidade, Sandra Magalhães, reconhecida nacional e internacionalmente como referência em finanças solidárias. Sandra faleceu ano passado. Símbolo da Economia Solidária, considerado um grande empreendedor social, Joaquim Melo também apresentou a realidade atual da antiga favela de Fortaleza.
“A Palma é o moeda que circula em Palmeiras e é usada por quem produz e quem consome. Gosto de contar o exemplo de Elias, que sabia produzir material de limpeza. Virou empresário. Temos todos os tipos de negócios solidário em Palmeiras, através do Instituto Palmas. Temos escola popular; propaganda na TV lembrando o povo “compre no bairro, compre no bairro”; temos a Palminha, moeda usada pelas crianças, para incentivar a finança e consumo solidário; temos a Palmas Microseguro; a Palmas Fashion, grife com coleção anual apresentada na Palmas Fashion Week.; a PalmaTur, com pousada; PalmasLab, laboratório de inovação. O Instituto Palmas lançou o Banco da Periferia e, hoje são 20 agências funcionando em bairros periféricos de Fortaleza, com previsão de mais 20 até o ano que vem. Estamos orgulhosos com o Projeto Elas, de inclusão produtiva, que criou a Associação Nacional de Mulheres Beneficiárias do Bolsa Família, a Emancipadas. Dizem que banco comunitário, banco social é importante para acabar com a pobreza. Eu acho que economia solidária é importante para não acabarem com o planeta”, concluiu.
Por Verônica Nascimento